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'Sonho dela era ser pediatra', diz amiga de mulher morta em motel no Ceará

'Sonho dela era ser pediatra', diz amiga de mulher morta em motel no Ceará

Ingridh Nohana Carvalho se preparava em curso pré-vestibular para tentar entrar no curso de medicina. — Foto: Instagram/Reprodução

O homem que acompanhava Ingridh no motel está preso por suspeita de feminicídio.

Gentil, carinhosa, atenciosa e com uma inteligência emocional "de dar inveja". Essas características foram atribuídas pela auxiliar administrativa Nicole Pinheiro, 20 anos, à estudante Ingridh Nohana Carvalho Melo, da mesma idade, encontrada morta na última sexta-feira (1º) em um motel no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza. A jovem relatou ao g1 que a amiga, com a morte precoce, deixou para trás um sonho: formar-se em medicina para cuidar do afilhado.

Neste sábado (2), a prisão em flagrante do homem que acompanhava Ingridh no motel foi convertida para preventiva, e o suspeito, autuado por feminicídio (leia mais abaixo). Os amigos da jovem pedem justiça e não sabem quem estava com a moça no motel.

Segundo as investigações preliminares, não foram encontrados indícios de lesões no corpo. A causa da morte só será identificada após o laudo cadavérico da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce).

"Ela decidiu ser médica por ele, de quem era madrinha. Ele era simplesmente tudo pra ela", afirmou, acrescentando que a criança tem a saúde delicada. O plano de cuidar dos pequenos, porém, não se restringia ao garoto — Ingridh tinha o desejo de ser mãe aos 35 anos, quando já estivesse em um trabalho estável.

"Ela era muito focada nos estudos", afirmou Nicole Pinheiro, sobre a amiga, que estava fazendo curso pré-vestibular. "Mas ela parava o mundo se a gente estivesse precisando dela".

Indridh foi encontrada morta em motel no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza — Foto: Reprodução/Instagram

Relação de amizade

Apesar de não terem tido boa relação inicialmente, as duas mulheres passaram a manter uma forte amizade. Após se conhecerem melhor, uma passou a ser refúgio da outra.

"Eles [Ingridh e o ex-namorado] sempre brigavam, terminavam e voltavam", disse, acrescentando que, com o tempo, os três passaram a ser amigos próximos, mesmo com o fim do relacionamento. De lá para cá, a presença contínua abriu espaço para que a dupla, além de outra amiga, formasse uma nova família para a jovem.

"Os esforços dela sempre eram pra estar com a família que ela formou, eu, o ex-namorado e a melhor amiga. Ela nunca quis dinheiro, riqueza; ela queria estar com a gente", contou Nicole. "Ela me fez prometer que eu nunca a abandonaria. Estou cumprindo essa promessa até agora".

Falta da amiga

Nicole Pinheiro relatou ter sentido falta da amiga por volta das 7h do dia 1º. Apesar de Ingridh ter costume de sumir, ficar um tempo fora e aparecer novamente, ela ficou preocupada quando o ex-namorado da estudante e outra amiga mandaram mensagens dizendo que a jovem havia sumido.

"Quando ela sumia, ela sempre deixava formas de comunicação. Quando ela sumiu de vez, a gente sabia que tinha algo errado, pois a gente conhecia ela".

Por causa disso, os amigos acessaram o notebook da estudante em busca de informações sobre o paradeiro dela. O equipamento indicou que a última localização de Ingridh foi registrada no Motel D'Amore. Nicole, então, ligou para o estabelecimento, que se recusou a dar informações.

Desconfiados, os amigos acharam a informação estranha e buscaram notícias sobre o motel em jornais locais. Na busca, souberam do caso de uma mulher morta recentemente no estabelecimento. Após insistir com uma funcionária, Nicole soube de um "incidente" no qual uma pessoa saíra sem vida, mas não a identidade da vítima.

Ligação para a polícia

Na sequência, os amigos acionaram a polícia para denunciar o desaparecimento da jovem. No entanto, de acordo com Nicole, o órgão informou que o caso só poderia ser registrado como tal depois de 24 horas de sumiço. Os agentes indicaram que ela e o ex-namorado de Ingridh buscassem o Instituto Dr. José Frota (IJF) e a Pefoce.

A dupla ligou para o hospital buscando saber se Ingridh ou de uma mulher sem identificação com as características dela havia dado entrada na unidade. Após o instituto descartar as possibilidades de ela estar lá, ambos pediram uma corrida por aplicativo até a Pefoce, mas não conseguiram entrar no prédio.

Contudo, os agentes pegaram os dados da vítima, buscaram por ela no sistema e informaram que Ingridh estava de fato lá. O corpo, porém, não poderia ser liberado pelos amigos, apenas por um familiar de sangue. O procedimento ocorreu na manhã deste sábado (2), e a vítima foi velada e sepultada logo depois, no cemitério Jardim do Éden, na Pacatuba.

Desconhecimento

Durante a busca por informações, a auxiliar administrativa soube que a amiga morreu por estrangulamento e também sofrera um golpe na cabeça. "Na minha cabeça ainda não entra que ela morreu. Ficava esperando ela abrir os olhos no velório", relatou.

A amiga afirmou que Ingridh não comentou nada sobre estar conhecendo alguém. Nicole Pinheiro acredita que o encontro tenha se dado com uma pessoa sem vínculos. "Nenhum de nós conhecíamos. Nem sabemos se ela conhecia", disse. "Não nos foi divulgado nada, estamos andando vendados".

Prisão

O suspeito do crime, identificado como João Victor Barbosa Pereira, 20 anos, foi autuado por feminicídio teve prisão em flagrante convertida para preventiva neste sábado (2) após audiência de custódia. Segundo o homem relatou na audiência, ele e vítima se conheceram havia dois meses.

Conforme decisão da juíza Sandra Elizabete Jorge Landim, o suspeito disse que ambos tinham usado drogas no estabelecimento, mas a jovem teria começado a passar mal, debater-se e espumar pela boca. Ele teria decidido acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e descido para pagar a conta, percebendo a vítima se debater no banheiro.

No entanto, funcionários do motel contradisseram os relatos do suspeito. Um deles comunicou que João Victor pagou a conta para ir embora, mas foi interpelado por uma funcionária por não poder sair sozinho do local. O autor do crime disse que a companheira estava dormindo. Ao ir até o quarto, o funcionário viu a vítima no banheiro, sentada no vaso sanitário curvada para a frente, e o suspeito ligando para o Samu.

Para a juíza, a concessão do benefício de liberdade se tornou inviável por "estarem presentes a prova da existência do crime e fortes indícios da autoria do mesmo", segundo consta na decisão.

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