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Com oferta maior que demanda, preço da carne de porco deve continuar estável no Ceará; veja cenário

Com oferta maior que demanda, preço da carne de porco deve continuar estável no Ceará; veja cenário

Legenda: Baixa capacidade de consumo da população tem contribuído para manter o preço da carne suína - Foto: Kid Junior

Peste suína na China e baixo poder aquisitivo da população explicam manutenção do preço da proteína

Nem mesmo o elevado custo dos insumos necessários à produção de suínos é suficiente para provocar aumento nos preços da carne de porco.

A estabilidade do produto é resultado da oferta em alta no mercado interno e principalmente da baixa capacidade de consumo da população, que perdeu poder de compra nos últimos dois anos com a inflação generalizada que atinge outros produtos.

“Houve de maneira geral redução no consumo dos alimentos, sobretudo em relação às proteínas. O poder aquisitivo da população ainda está muito estrangulado e nós temos uma oferta elevada para o consumo atual no mercado interno”, explica João Jorge Reis, presidente da Associação Cearense de Avicultura e Suinocultura.

20%

De acordo com João Jorge Reis, 20% da carne suína consumida no Ceará é produzida localmente, enquanto o restante vem de outros estados, com destaque para a região Sul.

Mas antes de falar sobre a corrosão do poder de compra, a explicação para o atual patamar de preços dos suínos retoma ao ano de 2017, quando a peste suína assolou a China - importante produtor e consumidor de carne de porco -, que precisou abater boa parte de seus animais e passou a importar o produto de outros países, incluindo do Brasil.

Assim, os produtores brasileiros se prepararam para elevar a produção e abastecer o país asiático. A rápida recomposição da vara chinesa, porém, deixou um elevado número de suínos no Brasil.

“Com isso, o mercado interno ficou com uma oferta bem maior do que era capaz de absorver. A oferta maior em relação à demanda provocou uma queda forte nos preços, situação que há um bom tempo está impactando os produtores”.

Reis detalha que esse desequilíbrio ainda levará um tempo até ser restabelecido. “As matrizes que produzem o corte possuem uma vida relativamente longa, então a gente não consegue fazer um ajuste de oferta e demanda de forma rápida. Ele vem acontecendo paulatinamente, mas esperamos atingir isso o mais rápido possível. Não sabemos quando vai acontecer, mas é uma necessidade”, diz.

INSUMOS EM ALTA

A recomposição da lucratividade para os produtores é um fator preponderante para a sobrevivência dos negócios, ameaçada por esse descompasso, de acordo com o presidente da associação.

“Hoje, nós atravessamos um período no qual, embora o preço do insumo esteja elevado, já se observa uma relativa estabilização em patamar mais baixo do que já foi no ano passado, por exemplo. O preço dos insumos é algo que preocupa muito, sim. Mas o principal impacto é do excesso de oferta”, diz Reis.

Legenda: Carne de pouco apresenta queda nos últimos meses, em um movimento inverso ao que vem fazendo a carne bovina, o frango e os ovos - Foto: Kid Junior

Esses insumos, que são commodities agrícolas impactadas sobretudo pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia, representam 70% do custo de produção dos suínos, conforme João Jorge Reis.

BAIXA CAPACIDADE DE CONSUMO

Ao passo que a produção de suínos tenta se ajustar novamente à demanda, o poder de compra da população passa por um processo de corrosão com a escalada de preços observada desde o início da pandemia.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes de Fortaleza (Sindicarnes), Everton Silva, reitera que a baixa capacidade de consumo é um fator preponderante dentro desse contexto.

Ao contrário da carne bovina, com destaque para cortes como a picanha e a alcatra, e do frango e ovos, que registraram elevação de preços em Fortaleza nos últimos 12 meses, conforme a inflação oficial, a carne de porco teve deflação de 7,49% no período. De janeiro a julho, a queda nos preços é de 5,19%.

“Mesmo com os insumos de produção em alta, o preço da carne suína se manteve estável, porque quem regula o preço é o consumidor. As vendas aumentaram, mas o preço se manteve e deve continuar se mantendo”, explica o presidente do Sindicarnes.

Everton Silva explica que um cenário de alta da carne suína levaria o consumidor a migrar rapidamente para outras proteínas, como o frango e os ovos, e até mesmo a voltar para a carne bovina. “As pessoas estão comprando o necessário”, diz.

A carne suína, de acordo com ele, passa a protagonizar as refeições depois dos 10 primeiros dias do mês, período no qual parte das pessoas normalmente não consegue consumir a carne bovina. “Nos primeiros 10 dias o povo recebe dinheiro, então as vendas de carne bovina ficam mais aquecidas. Em seguida, do dia 10 ao dia 30, proteínas intermediárias ganham espaço”.

Os cortes de porco mais consumidos, de acordo com Everton Silva, são o carré suíno e a costela suína - este último comumente utilizado no preparo da feijoada.

Escrito por Ingrid Coelho/Diário do Nordeste


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