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Safra recorde de arroz irrigado começa a ser colhido nas Várzeas do açude Orós

Safra recorde de arroz irrigado começa a ser colhido nas Várzeas do açude Orós

Legenda: No campo, o verde do arrozal se transformou em cor amarelada revelando que o plantio está maduro e no ponto de colheita - Foto: Wandemberg Belém

Neste ano, a expectativa de produção do grão é de 5.600 toneladas, 40% a mais do que em 2020 (4.000 toneladas)

Os produtores de arroz começam a colher a safra irrigada nas várzeas do açude Orós, no município de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará. Neste ano, a expectativa de produção do grão é de 5.600 toneladas, 40% a mais do que em 2020 (4.000 toneladas). Apesar da boa colheita, os rizicultores reclamam da queda de preço do grão em 35% em relação ao mesmo período do ano passado.

No campo, o verde do arrozal se transformou em cor amarelada revelando que o plantio está maduro e no ponto de colheita. Máquinas e operários começaram nesta semana a tarefa de recolher os grãos. O serviço se estende até meados de dezembro próximo.

“A irrigação do plantio foi feita a partir de bombeamento no leito do rio Jaguaribe e a produtividade média alcançada é de 7.000 mil quilos do grão por hectare”, explica o secretário de Desenvolvimento Rural de Iguatu, Venâncio Vieira.

A melhoria genética das sementes resultou no aumento da produtividade. “No fim dos anos de 1990 era de apenas quatro mil quilos por hectare”, pontuou Vieira.

A safra deste ano também é superior à de 2019, que foi de apenas 176 toneladas do grão. Isso significa, que apesar das dificuldades advindas do aumento do custo de produção e queda no preço do grão, o plantio de arroz na bacia do açude Orós em terras dos municípios de Iguatu e Quixelô está sendo retomado.

Legenda: Apesar da boa colheita, os rizicultores reclamam da queda de preço do grão em 35% em relação ao mesmo período do ano passado - Foto: Wandemberg Belém

“A safra deste ano não se via há muito tempo”, comemorou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva, que mora na localidade de Barrocas, às margens Orós. “Da minha casa, a gente ver o plantio que se perde de vista e também vê a alegria de quem plantou, trabalhou duro e agora está colhendo”, contou Saraiva.

Os últimos oito anos foram marcados por queda no plantio por causa da seca do Orós, que é o segundo maior reservatório do Ceará, aliado à queda de preço do grão.

COLHEITA MAIOR, PREÇO MENOR

A partir de 2020, o cenário começou a mudar. O produtor José Bento Teixeira plantou neste ano três hectares de arroz em terra arrendada, no sistema de meeiro, ou seja, o proprietário fica com a metade da produção. Espera colher cerca de dois mil quilos do grão. “A colheita está indo bem e estou satisfeito, mas se não fosse a queda de preço, a situação era bem mais favorável”, disse.

A queda de preço do produto no período de safra é uma reclamação geral. A saca de 60 kg era vendida na roça por R$ 110,00 em novembro de 2020, mas agora caiu para R$ 70,00. 

Legenda: Os produtores de arroz pedem semente de melhor qualidade para melhorar a qualidade e a produtividade dos grãos - Foto: Wandemberg Belém

Além do custo de energia elétrica, a saca de 25 kg de fertilizante subiu de R$ 90,00 para R$ 145,00 nos últimos seis meses.

O agricultor André Andrade do Carmo Braz assumiu todas das despesas com o plantio, em terra arrendada, no sistema de 15x1, isto é, para cada quinze sacas colhidas, uma é do dono da terra, que tem direito ainda à palha do arroz (resto da cultura) para alimentar o gado com a forragem.   

“Enfrentamos dificuldade de comercialização porque os compradores só querem preço baixo e colocam empecilhos para comprar a safra”, lamentou Braz. “A gente está satisfeito em ver essa produção no campo; aqui tá muito bonito e é o que a gente sabe e gosta de fazer, que é o trabalho na agricultura”.

Legenda: O plantio irrigado de arroz na bacia do açude Orós ocorre entre julho e agosto e a colheita começa em novembro e se estende até dezembro - Foto: Wandemberg Belém

Os produtores de arroz pedem semente de melhor qualidade para melhorar a qualidade e a produtividade dos grãos. Fabiano de Carvalho Brito plantou 11 hectares e disse que “a produção tá show”, mas ele reclamou do preço de venda do arroz. “Está defasado frente ao adubo químico e a energia elétrica que subiram muito”.

Em Iguatu, no período chuvoso, houve o registro em média de 1.200 mm, um índice acima da média anual, que é em torno de 800 mm. As boas precipitações favorecem a irrigação com mais água no leito do rio, em áreas de vazantes na bacia do Orós.

O agricultor Francisco Alves olha para o arrozal que se estende até perder de vista, na bacia do Orós, e comenta: “Estamos voltando ao passado, quando se plantava muito arroz porque o plantio aqui estava se acabando, foi abandonado porque não tinha água e nem compensava mais plantar”.

Legenda: A safra deste ano também é superior à de 2019, que foi de apenas 176 toneladas do grão - Foto: Wandemberg Belém

SISTEMA DE PLANTIO

O plantio irrigado de arroz na bacia do açude Orós ocorre entre julho e agosto e a colheita começa em novembro e se estende até dezembro. Dessa forma, o período chuvoso já tem passado e se conhece o nível do açude, onde estão as terras descobertas, sem risco de inundar o plantio.

O plantio é feito nessas terras próximas à água do Orós e do rio Jaguaribe e vai avançando com o decorrer dos meses. A irrigação é feita com bombeamento, retirando a água do leito ou de poços rasos e transferindo o recurso hídrico para as áreas cultivadas.  

Escrito por Honório Barbosa/Diário do Nordeste

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