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Mais de 237 fósseis apreendidos pela PF são devolvidos ao Cariri e ficarão em museu de Paleontologia

Mais de 237 fósseis apreendidos pela PF são devolvidos ao Cariri e ficarão em museu de Paleontologia

Legenda: Entre as peças entregues estão fósseis de aranhas, escorpiões, libélulas, plantas e até crânios de pterossauros - Foto: Antonio Rodrigues

O material ficará sob a guarda do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri

A Polícia Federal realizou, nesta quarta-feira (18), a entrega de 237 de fósseis à Universidade Regional do Cariri (Urca), apreendidos na Operação Santana Raptor, realizada em outubro do ano passado, que investigou o comércio das peças originárias da Bacia Sedimentar do Araripe para pesquisadores brasileiros. Agora, o material fará parte do acervo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri.

Entre as peças entregues estão fósseis de aranhas, escorpiões, libélulas, plantas e até crânios de pterossauros. “Sem dúvidas, os mais importantes dessa coleção", ressalta o paleontológico Álamo Feitosa, que comanda o Laboratório de Paleontologia da Urca. 

Legenda: Os fósseis de pterossauros são "os mais importantes dessa coleção", ressalta o paleontológico Álamo Feitosa, que comanda o Laboratório de Paleontologia da Urca - Foto: Antonio Rodrigues

Segundo ele, o material entregue "vai ajudar a acrescentar características que não tinham sido encontradas nas peças que serviram para descrição dessas espécies”, comemora. As peças são do período do Cretáceo Inferior, ocorrido entre 145 e 100,5 milhões de anos atrás.

MATERIAL ÚNICO NO PLANETA

Para o pesquisador, a apreensão dos fósseis e sua entrega para a Urca, além do ganho científico, representa um “golpe financeiro” no tráfico de fósseis. “Isso aqui envolve muito dinheiro”, diz. Além disso, Feitosa ressalta que a permanência das peças no Cariri ajudará na formação de novos cientistas: “É um material único em paleontologia no planeta”.

O diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, o professor Alysson Pinheiro, explica que as peças serão catalogadas e preparadas para estudos e, possivelmente, para a exposição.

Há, nelas, novidades científicas, coisas especiais. Animais raros. Estamos recebendo peças que, por pouco, a gente não teria conhecimento de suas existências”

Alysson Pinheiro

Diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens

INVESTIGAÇÃO 

Os fósseis entregues fazem parte de uma investigação que já dura três anos, feita pelo Ministério Público Federal.

De acordo com a denúncia acolhida pela Procuradoria da República de Juazeiro do Norte, o comércio se daria da seguinte forma: os trabalhadores das mineradoras, os chamados “peixeiros”, que realizam a extração do calcário laminado e eventualmente encontram fósseis, repassariam para os “atravessadores” que, em contato com os pesquisadores, entregariam as peças mais raras.  

Legenda: Dentre as peças mais raras estão a crista e o crânio de um pterossauro - Foto: Antonio Rodrigues

“Eles compraram dos peixeiros, pessoas que geralmente trabalham na mina. A maioria necessita de dinheiro, e quando se deparam com as peças, guardam. Acabam ganhando mais com os fósseis do que trabalhando nas minas”, explica a delegada da Polícia Federal Josefa Maria Lourenço da Silva.  

O contrabando ilegal geralmente acontecia em trabalhos de campo com alunos e professores que, mesmo realizando uma comunicação prévia à Agência Nacional de Mineração (ANM), levavam materiais já encomendados, os quais eram transportados ao Rio de Janeiro para pesquisa. Disso, surgiram trabalhos importantes do ponto de vista científico, publicados em revistas internacionais. “A investigação teve esse foco nos professores”, completa Josefa.  

Legenda: As peças são do período do Cretáceo Inferior, ocorrido entre 145 e 100,5 milhões de anos atrás - Foto: Antonio Rodrigues

De acordo com a delegada, a investigação já aponta para o indiciamento de pelo menos seis pessoas, além das três que foram presas em flagrante em posse destes fósseis em Santana do Cariri e em Nova Olinda.

“Mas a investigação segue. No momento, estamos analisando o material extraído dos telefones apreendidos, mas já elementos consistentes que os crimes ocorreram”, completa.  

Legenda: Dentre as peças mais raras estão a crista e o crânio de um pterossauro - Foto: Antonio Rodrigues

Na época, a Polícia Federal cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em Santana do Cariri, Nova Olinda e no Rio de Janeiro. Também foram recolhidos celulares, computadores e documentos. Um dos locais visitados pelos agentes foi o Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde trabalha o principal pesquisador investigado.  

A denúncia conta que o pesquisador carioca suspeito seria responsável por pagamentos para ter acesso a peças mais difíceis de encontrar, como pterossauros e anfíbios, aos atravessadores.

Legenda: As peças serão catalogadas e preparadas para estudos e, possivelmente, para a exposição - Foto: Antonio Rodrigues

“A investigação sobre este professor continua. Temos bens apreendidos que estamos analisando. Havia essa encomenda de peças, comercialização e contato com peixeiros”, antecipa Josefa.

Escrito por Antonio Rodrigues/Diário do Nordeste

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