News Breaking
Live
wb_sunny

Breaking News

Reforma Tributária deixará conta de energia da população de baixa renda mais cara? Entenda

Reforma Tributária deixará conta de energia da população de baixa renda mais cara? Entenda

Legenda: No Ceará, mais de 1 milhão de famílias de baixa renda podem ser impactadas, totalizando 36% de todos os consumidores - Foto: Thiago Gadelha

Isenção fiscal praticada pelos estados não existirá mais após a unificação dos impostos, ameaçando o benefício para essa população.

Se não houver uma lei complementar para compensar mudança prevista na Reforma Tributária, o custo da conta de luz das famílias de baixa renda aumentará. Isso poderá ocorrer porque, atualmente, essa população possui isenção ou alíquota reduzida do ICMS, a depender do estado. No entanto, pelas novas regras, esse tributo estadual deixará de existir. 

No Ceará, 1,1 milhão de famílias podem ser impactadas, segundo a Associação Brasileiras de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). Para esclarecer esse assunto complexo ao leitor, o Diário do Nordeste elaborou um tira-dúvidas. Leia abaixo. 

O PROGRAMA TARIFA SOCIAL VAI ACABAR?

Não. O presidente da Comissão de Direito Tributário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Hamilton Sobreira, explica que a Tarifa Social — programa de descontos de 10% a 100% para consumidores de baixa renda — é uma política de preço público e sua manutenção não cabe à Reforma Tributária. 

Além disso, o Ministério de Minas e Energia (MME) garante que o benefício será mantido, independentemente das novas regras fiscais.

“O MME estuda propostas legislativas para reformular o programa com o objetivo de melhor assistir os seus beneficiários”, afirma.  

No Brasil, 15 milhões de famílias estão enquadradas no Tarifa Social, sendo 1, 1 milhão delas no Ceará, segundo a Abradee. 

ENTÃO, POR QUE A CONTA DE LUZ PODE FICAR MAIS CARA PARA A POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA?

Atualmente, as pessoas assistidas pelo Tarifa Social também recebem a fatura sem a taxa do ICMS, como ocorre no Ceará. Em alguns estados, porém, essa cobrança é apenas reduzida. Portanto, há um alívio tributário vigente para essa população no atual modelo fiscal. 

Mas, conforme explica Sobreira, a Reforma Tributária vai unificar os impostos federais, estaduais e municipais em apenas duas taxas. Ou seja, "o ICMS deixará de existir com a aglutinação de cinco tributos". "Se houver isenção deverá ser por meio de uma lei complementar”, esclarece. 

No texto da Reforma, as cinco cobranças sobre bens e serviços (Cofins, IPI, PIS, ICMS e ISS) serão substituídas por duas: um federal (CBS - Contribuição sobre Bens e Serviços, no lugar de Cofins, IPI e Pis) e uma dividida entre estados e municípios (IBS - Imposto sobre Bens e Serviços, no lugar de ICMS e ISS). Ambas foram batizadas de Impostos sobre Valor Agregado (IVAs).

Resumindo: após a implantação do tributo unificado, consumidores de baixa renda, que hoje têm isenção ou alíquotas reduzidas do ICMS, pagarão o percentual total do novo imposto. Contudo, isso só ocorrerá se não houver uma lei complementar para manter essa política social. 

QUANTO A CONTA DE LUZ PODERÁ FICAR MAIS CARA PARA A POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA?

Segundo o diretor institucional e jurídico da Abradee, Wagner Ferreira, o acréscimo do imposto pode variar de 25% a 28%. Ou seja, a fatura da população desonerada virá com essa tarifa embutida, como é para as demais faixas de renda.

“A nova Reforma padroniza a tributação e não faz distinção da Tarifa Social. Se nenhum sinal for dado para um tratamento específico para esse consumidor, virá a tributação cheia, com a alíquota a ser estabelecida”, aponta. 

  • Os percentuais dos IVAs ainda serão definidos. 

O QUE O GOVERNO DIZ SOBRE ISSO?

O Ministério da Fazenda informou apenas considerar "que a melhor forma de equacionar a questão da tarifa social de energia é através do cashback". O cashback é uma proposta de devolução de parte do imposto pago para famílias de menor poder aquisitivo.  

QUANDO A CONTA DE LUZ PODERÁ FICAR MAIS CARA PARA A POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA?

As mudanças previstas na Reforma Tributária passarão por um período de transição, a começar em 2026. A previsão é que o novo sistema tributário esteja plenamente implementado em 2033.

É importante frisar que muitos pontos precisarão de regulamentação posterior, também por meio leis complementares, como a própria definição das alíquotas dos dois novos impostos e o cashback . 

QUAL SERIA O IMPACTO DA RETIRADA DA ISENÇÃO PARA O CEARÁ?

No Estado, 1,1 milhão de famílias de baixa renda estão enquadradas no programa Tarifa Social, totalizando 36% de todos os consumidores, segundo a Abradee.

Pela lei estadual, pessoas em situação de vulnerabilidade econômica com consumo até 140 kWh estão isentas do ICMS cobrado na conta de luz.

*Reportagem de Bruna Damasceno/Agência Diário do Nordeste/SVM

Tags

Inscrição no boletim informativo

Sed ut perspiciatis unde omnis iste natus error sit voluptatem accusantium doloremque.