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Veneno de taturana tem potencial para combater doenças degenerativas, mostra estudo inédito do Butantan

Veneno de taturana tem potencial para combater doenças degenerativas, mostra estudo inédito do Butantan

Lagarta Lonomia obliqua, popularmente conhecida por taturana de fogo, que pode causar queimaduras, hemorragias e até insuficiência renalLagarta Lonomia obliqua, popularmente conhecida por taturana de fogo, que pode causar queimaduras, hemorragias e até insuficiência renal - Foto: Marcos Granjeiro

Pesquisa realizada pelo instituto pode ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos na área farmacêutica e na indústria de cosméticos.

Cientistas do Instituto Butantan identificaram duas proteínas com grande potencial de combater doenças degenerativas no veneno da lagarta Lonomia obliqua, popularmente conhecida por taturana de fogo. O inseto apresenta riscos à humanos quando o veneno entra em contato com a pele, resultando em queimaduras, hemorragias e até insuficiência renal.

Segundo os pesquisadores que participaram do estudo, publicado na revista Frontiers in Molecular Biosciences, essas proteínas, chamadas de rLosac e rLopap, podem ser exploradas para tratar doenças degenerativas e desenvolver produtos voltados para cicatrização e regeneração.

Ao estudá-las, os pesquisadores observaram que ambos os peptídeos estavam presentes em todas as fases evolutivas da lagarta, e começaram a investigar se elas também poderiam estar envolvidas em outros processos relacionados à metamorfose do animal.

— Descobrimos que as proteínas impedem a morte celular. Losac, além de ativar o fator X da coagulação sanguínea, tem uma função neuroprotetora, enquanto Lopap, que ativa a protrombina, também induz a produção de moléculas de matriz extracelular, como colágeno e fibronectina, relacionados à regeneração — afirmou a diretora de Inovação do Butantan, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi.

As proteínas foram testadas em diferentes modelos de culturas de células que receberam estímulos para morte celular. Além de serem capazes de impedir a morte das células, elas também estimularam a produção de moléculas envolvidas em regeneração. Em testes com modelos animais, os peptídeos também conseguiram acelerar a cicatrização de feridas.

“Em modelos de células envolvidas em processo articular e de células que compõem os tecidos, como a pele, por exemplo, nós observamos o potencial regenerativo desses peptídeos, que foram capazes de regular genes envolvidos neste processo, bem como induzir a expressão de proteínas específicas — explicou Ana Marisa.

A diretora afirma que em um primeiro momento, os estudos se basearam em riscos dermocosméticos e para uso tópico, como em queimaduras, úlceras e feridas de difícil regeneração. E que a nova descoberta pode ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos para diversas áreas, como para a indústria de cosméticos, especificamente visando atividade farmacológica regeneradora, ou ainda no ramo farmacêutico que desenvolve produtos para cicatrização.

Riscos

O inseto já tem um histórico de estudo dentro do Instituto. Foi a partir dele, por exemplo, que em 1996, cientistas desenvolveram o soro antilonômico, que trata indivíduos acidentados pelo contato com as cerdas da taturana — sendo o único produtor da substância no mundo. Dependendo da quantidade de veneno inoculada e da resposta do organismo, o paciente pode desenvolver hemorragia, devido a um tipo de coagulação intravascular disseminada.

— Tivemos vários acidentes que culminaram em hemorragia cerebral, insuficiência renal e morte de pacientes, especialmente no sul do Brasil, onde os primeiros casos destes envenenamentos foram relatados— diz a diretora.

*Reportagem de Eduardo F. Filho — São Paulo/O Globo

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