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Ele quer ser o primeiro produtor de cannabis com ações listadas na B3

Ele quer ser o primeiro produtor de cannabis com ações listadas na B3

Foto: PucMed/ Divulgação

Com negócios no Uruguai e no Brasil, a PucMed de Alfonso Ferretjans prepara abertura de capital para expandir venda de medicamentos e atendimento a pacientes.

Alfonso Cardozo Ferretjans, CEO da PucMed, se mudou para o Uruguai para trabalhar com cannabis medicinal

Alzheimer, Parkinson, epilepsia, autismo, fibromialgia e dores crônicas são algumas doenças cujos sintomas podem ser atenuados com o uso de remédios à base de cannabis. O reconhecimento das propriedades medicinais da planta nos últimos anos resultou em uma tendência mundial de flexibilização e regulamentação do uso dos princípios ativos da cannabis em diversos países.

Há dez anos, o brasileiro Alfonso Cardozo Ferretjans se mudou para o Uruguai interessado em trabalhar com o uso medicinal da planta. Em 2013, o país sul-americano foi o primeiro a legalizar e regulamentar a produção e o consumo de cannabis.

No país, Ferretjans teve a oportunidade de estudar o cultivo de cannabis, suas diferentes espécies e finalidades. Em 2019, ele conseguiu fundar a PucMed (Productora Uruguaya de Cannabis Medicinal), startup que atua no cultivo da planta e fornece cannabis e seus derivados para fins industriais, medicinais e acadêmicos.

A PucMed nasceu como empresa binacional. A sede de negócios fica em Curitiba (PR), enquanto a produção da planta é na Zona Franca de Florida, no Uruguai. Em parceria com associações e atendendo importações, a startup tem capacidade para tratar pouco mais de 7 mil pacientes por mês.

Ao todo, a empresa possui 15 hectares (150 mil metros quadrados) disponíveis para o cultivo da cannabis, equivalente à área de um Maracanã. Atualmente, estão em uso 11 mil metros quadrados de estufas climatizadas para produção da planta e outros 10 mil metros quadrados de área aberta para cultivo ecológico.

Ferretjans quer ir mais longe em 2023. Seus planos são expandir as atividades, principalmente no Brasil. A empresa importa a cannabis in natura para o país por meio de uma resolução da Anvisa que contempla o uso da planta por indivíduos, mediante comprovação médica.

A PucMed traz os produtos para o país, mas a comercialização e atendimento de pacientes é feito por meio de uma segunda empresa com registro interno, a Anna Medicina Endocannabinoide. Lançado em 2022, o braço brasileiro da startup tem dois espaços físicos em Curitiba para tratamento e venda dos remédios canábicos.

O objetivo é construir 50 desses centros de acolhimento nas regiões sul e sudeste do País. Com isso, o número de pacientes atendidos por mês aumentaria três vezes, de 7 mil para 22 mil.

A startup está em busca de investidores e o seu principal plano é abrir capital na bolsa de valores. O foco inicial é ingressar na bolsa de Toronto, no Canadá. O país já possui legislação e experiência com empresas do setor, facilitando os planos, segundo Ferretjans. Entretanto, também há planos de listagem na bolsa de São Paulo, B3.

“Nossa intenção é ser a primeira empresa latina de cannabis a ingressar na bolsa brasileira. Estamos em contato com advogados e fundos de mercado para analisar nossas possibilidades e entender os limites legislativos”, afirma Ferretjans.

Uma estimativa inicial de captação já foi definida com base nas ambições de expansão: entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões (R$ 25,7 milhões a R$ 50,1 milhões). Em dezembro, a PucMed foi avaliada em US$ 27 milhões (R$ 137 milhões), segundo o fundador.

A escassez de capital no mercado financeiro não assusta o CEO. Segundo ele, a indústria da cannabis está em ascensão e o setor de pesquisa voltado para a saúde é o mais fervoroso.

“O mercado tem se mostrado positivo com os retornos da área médica e com a resposta da população. Na pandemia, o aumento de casos de ansiedade, depressão e burnout aumentou os testes de medicamentos com cannabis para aplacar essas patologias. O consumo e as exportações estão maiores. A oportunidade é agora”, diz Ferretjans.

Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann) indicam que pelo menos 18 milhões de brasileiros poderiam se beneficiar de tratamentos com remédios à base de cannabis. A estimativa da associação é de que a indústria canábica no Brasil poderá gerar US$ 30 bilhões até 2030. A legislação para o setor tem caminhado gradualmente.

No último dia 31, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sancionou um projeto de lei que autoriza a distribuição de medicamentos à base de cannabis pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em São Paulo, o maior estado do país.

Para melhorar sua produção de remédios nos próximos anos, a PucMed assinou uma parceria com a Belcher Farmacêutica, de Maringá (PR). A empresa é especializada no desenvolvimento, fabricação e distribuição de medicamentos à base de canabidiol no Brasil.

Ferretjans calcula que o faturamento da PucMed poderá chegar em US$ 90 milhões em três anos, com avanço gradativo. A expectativa é fechar 2023 com US$ 13 milhões.

Reportagem de Monique Lima/Forbes Brasil

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