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'Eu não preciso andar com uma placa de que sou autoridade policial para ser respeitada', diz delegada que denuncia loja por racismo

'Eu não preciso andar com uma placa de que sou autoridade policial para ser respeitada', diz delegada que denuncia loja por racismo

Delegada Ana Paula Barroso denuncia loja por racismo após ter sido barrada — Foto: PCCE/Divulgação

Ana Paula afirma que foi impedida de entrar na Zara no último dia 14, mas o funcionário não detalhou a razão da proibição. A loja alega que ela estava sem máscara e consumindo um sorvete.

A delegada de Polícia Civil, Ana Paula Barroso, que denuncia a loja de departamentos Zara por racismo, disse nesta quarta-feira (22), em entrevista à TV Verdes Mares, que não precisa andar com uma placa indicando que é delegada para ser respeitada. Ela também disse que não foi barrada pelo gerente da loja por falta de máscara, como a Zara alega.

"Eu vou ser sempre abordada porque eu gosto de andar simples no shopping? Às vezes de havaianas, um pouco despenteada, é o meu jeito despojado de andar. Eu não preciso andar com uma placa de que sou autoridade policial para ser respeitada", disse a delegada.

Ana Paula disse, ainda, ter percebido a sutileza do comportamento preconceituoso, mas que preferiu agir com cautela e com prudência. Segundo a delegada, após se dar conta do comportamento racista cometido, o gerente pediu desculpas.

"Você percebe a sutileza do comportamento preconceituoso, da fala, da abordagem. E é uma suspeita muito forte. Mas até você ter um indício para você dizer: 'você está preso', eu preferi ter cautela, agi com prudência, de não me identificar (como delegada), perguntar realmente à segurança do shopping e só ali, se fosse pra fazer uma ação, eu fiquei tão assim, sem reação, que quando ele falou várias vezes 'me desculpe, eu errei com a senhora', eu disse: 'eu queria só que você me dissesse porque você fez isso', aí no decorrer da fala dele, ele enaltece a questão dos amigos que ele tem transexuais, negros...", relata a delegada.

Ainda em entrevista, a delegada Ana Paula disse que quando recebeu um pedido de desculpa, falou para o gerente que ele estava desculpado.

"Eu falei: 'o senhor está desculpado'. Porque na realidade eu não estava ali para condená-lo. A minha fala é em relação à conduta e também na perspectiva de que a gente fomente, juntos aos estabelecimentos comerciais, a rever as políticas de atendimento, a como atender o cliente".

Ainda segundo Ana Paula Barroso, após o episódio ganhar repercussão nacional, ela recebeu mensagens de amigos e amigas que entraram na loja com sorvete.

“É bem delicado entender tudo isso. Você acredita que muitas pessoas me procuraram e dizendo 'que doutora, eu não consigo entender que inclusive estive na loja recentemente tomando sorvete. Se esse fosse o argumento, e em nenhum momento me abordaram'. Pessoas brancas tomando sorvete."

Advogados de loja procura delegada

Dois advogados que representam a loja Zara procuraram a policial na delegacia onde ela trabalha, nesta segunda-feira (20), para tentar conseguir uma cópia do inquérito que apura a denúncia de racismo contra a delegada e a devolução dos equipamentos de vídeo apreendidos no último domingo.

O g1 procurou a Zara para obter informações sobre o fato de os advogados terem procurado a vítima, mas não obteve resposta.

A visita dos representantes de defesa da loja foi confirmada pelo advogado Leandro Vasques, da assessoria jurídica da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Ceará (Adepol-Ceará).

Vasques informou que a delegada Ana Paula disse aos advogados que procurassem a presidente do inquérito, a delegada Anna Nery.

Punição ao funcionário e à loja

Se confirmado pelas investigações, o crime de racismo contra a delegada Ana Paula pode gerar reclusão de um a três anos e multa ao funcionário suspeito de cometer a discriminação racial, e também punição cível à loja, segundo a Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE).

A lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define e pune casos de racismo prevê que tanto o estabelecimento quanto a loja podem sofrer punições judiciais, explica Tharrara Rodrigues, integrante da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB-CE.

Por g1 CE

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