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Número de mortes por Covid-19 é maior que a população de 37 municípios, no Ceará

Número de mortes por Covid-19 é maior que a população de 37 municípios, no Ceará

Cemitério no bairro Bom Jardim, em Fortaleza, em maio de 2020. — Foto: Jarbas Oliveira/AFP

A comparação equivale a como se todos os moradores de cidades turísticas famosas do estado, como Guaramiranga e Pacoti, falecessem.

A quantidade de mortes por Covid-19 no Ceará ultrapassou a população estimada de, pelo menos, 37 municípios do estado. Até essa segunda-feira (22), foram 12.870 óbitos registrados no Ceará, de acordo com o IntegraSUS, plataforma da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

No estado, há cerca de 37 municípios com quantidade de moradores menor que o número de óbitos por Covid-19, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Confira quais são:

  • Granjeiro - 4.814 habitantes
  • Guaramiranga - 5.132
  • Baixio - 6.303
  • Potiretama - 6.437
  • Pacujá - 6.549
  • Ererê - 7.225
  • Antonina do Norte - 7.378
  • São João do Jaguaribe - 7.601
  • Altaneira - 7.650
  • Senador Sá - 7.691
  • General Sampaio - 7.694
  • Umari - 7.736
  • Arneiroz - 7.844
  • Itaiçaba - 7.866
  • Jati - 8.130
  • Tarrafas - 8.573
  • Moraújo - 8.779
  • Penaforte - 9.143
  • Palhano - 9.422
  • Deputado Irapuan Pinheiro - 9.662
  • Catunda - 10.376
  • Mulungu - 10.941
  • Ararendá - 10.959
  • Pires Ferreira - 11.001
  • Potengi - 11.106
  • Groaíras - 11.144
  • Martinópole - 11.321
  • Jaguaribara - 11.492
  • Ipaporanga - 11.596
  • Alcântaras - 11.781
  • Aratuba - 11.802
  • Abaiara - 11.853
  • Paramoti - 12.252
  • Pacoti - 12.288
  • Poranga - 12.347
  • Ipaumirim - 12.485
  • Ibicuitinga - 12.629

‘Cada vez mais a Covid está chegando perto da gente’

A quantidade de mortes pela doença no Ceará representa cenários onde, por exemplo, toda a população de cidades como Guaramiranga ou Pacoti, pontos turísticos do estado, sumisse por completo. Contudo, as mortes espalhadas durante um ano e em 184 municípios, somadas a outros fatores sociais, parecem não transmitir a calamidade nos níveis adequados.

“Nós sabemos que, principalmente no Brasil, quando a morte vem de uma pessoa de nível socioeconômico mais baixo, de cor preta, a sociedade tende a diminuir o efeito disso; e outra coisa é quando você não vê, não conhece alguém perto que teve a doença. Quando você conhece, isso se aproxima mais de você”, comenta a infectologista Lígia Kerr.

Pessoas pardas e pretas somam 5.480 óbitos (sendo 5.349 de pardos). Contudo, há 4.318 mortes contabilizadas onde a cor/raça não foi informada, de acordo com o IntegraSUS. Porém, Lígia cita outro cenário que tem se solidificado em 2021.

“Uma coisa que temos comentado é que cada vez mais a covid está chegando perto da gente. Se antigamente a gente via na televisão, mesmo que fosse um artista conhecido, era mais longe da gente. Hoje você vê o vizinho, a tia, o primo, familiares de amigos. Então, isso nos aproxima da tragédia”, complementa a especialista.

Ela também cita que a polarização política acerca da gravidade da doença também impacta no modo como a pandemia é encarada. “Nós temos uma sociedade dividida politicamente, e essas coisas têm pegado muito pesado. Elas podem fazer com que as pessoas banalizem a morte”, analisa Lígia.

Para a especialista, o comportamento de algumas pessoas com relação ao coronavírus pode ser, inclusive, comparado com epidemia de HIV/Aids. “Há muitos anos, quando a Aids começou, o indivíduo que conhecia alguém que havia morrido com Aids, tendia a ter um comportamento mais seguro, se protegia mais”, relembra Lígia. Para ela, o caso se repete no atual momento.

Avanço da Covid-19 no Ceará

O mês de março de 2021 voltou a registrar picos nos casos de óbitos desde o início da pandemia, inclusive contabilizando os maiores números neste ano. No último dia sete, o Ceará registrou 82 óbitos causados pela doença, sendo o maior número desde 9 de junho de 2020, quando foram contabilizadas 89 mortes causadas por coronavírus.

As taxas de ocupação dos leitos de enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Ceará também têm registrado crescimentos, principalmente em março. No dia 14, a ocupação dos leitos de UTI atingiu 93,72% — maior número disponível no IntegraSUS desde 29 de abril de 2020; já entre as enfermarias, a taxa de ocupação, no dia 20, foi de 81,8, maior registro da plataforma.

Devido ao avanço dos números de casos confirmados do vírus, e dos óbitos, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), decretou isolamento social rígido e fechamento de atividades não essenciais no estado até, pelo menos, o próximo dia 28.

Por Samuel Pinusa, G1 CE

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