'Ainda bem' que 'monstro' do coronavírus veio para demonstrar necessidade do Estado, diz Lula
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil |
Para ex-presidente, 'determinadas crises' só são resolvidas pelo Estado.
'Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse
monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os
cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a
determinadas crises.'
'Monstro' do coronavírus veio para demonstrar necessidade do Estado, diz Lula pic.twitter.com/HZan1qTKQs
— F5 Cariri (de 🏘️) (@f5cariri) May 20, 2020
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (19)
que "ainda bem" que o "monstro" do coronavírus surgiu, demonstrando a
necessidade da presença do Estado.
Lula deu declaração ao conceder uma entrevista por videoconferência ao
jornalista Mino Carta, da revista "Carta Capital".
Durante a entrevista, Lula disse que o preconceito está "na medula da elite
brasileira", que, "grosseira e raivosa", é, segundo ele, contrária aos
direitos para empregadas domésticas, jardineiros e pobres.
"O que eu vejo? Quando eu vejo os discursos dessas pessoas, quando eu vejo essas pessoas acharem bonito que 'tem que vender tudo o que é público', que 'o público não presta nada', ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises. Essa crise do coronavírus, somente o Estado pode resolver isso, como foi a crise de 2008."
Lula mencionou, na sequência, o ex-presidente dos Estados Unidos Franklin
Roosevelt, que comandou o país de 1933 a 1945. À época, houve a Segunda
Guerra Mundial (1939 a 1945).
"Você acha que ele [Roosevelt] estava preocupado com orçamento da União? Com déficit fiscal? Se o Tesouro ia falir ou não? Ele tinha que construir armas para vencer a guerra", disse Lula ao se dirigir ao jornalista que o entrevistava.
Conforme o ex-presidente, o momento é de "guerra contra o coronavírus", e o
governo do presidente Jair Bolsonaro "sequer" cumpriu a tarefa de entregar o
auxílio emergencial de R$ 600 para todas as pessoas.
Coronavírus no Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou até a tarde desta
terça-feira 17.971 mortes por coronavírus, além de 271.628 casos
confirmados.
Nesta terça, o Brasil chegou à marca de 1,1 mil mortes nas últimas 24
horas. Esta foi a primeira vez que o país somou mais de mil mortes no
balanço diário.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o isolamento social como uma
das medidas para evitar a disseminação ainda maior do vírus.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, tem defendido a reabertura do
comércio. No último dia 7, chegou a fazer um apelo ao Supremo Tribunal
Federal para que as medidas restritivas fossem revistas.
Pela decisão do STF, governadores e prefeitos têm autonomia para definir as
medidas de isolamento locais.
Por G1 — Brasília