Entenda por que o Ceará tem 34 cidades em alerta elevado para Covid mesmo com casos e óbitos caindo
Gestores avaliam que a vacinação é a principal aliada na redução de casos graves, mas não impedem a contaminação pelo coronavírus.
Apesar de casos confirmados e óbitos por Covid-19 em queda mais expressiva nos últimos três meses, o Ceará ainda tem 34 cidades em nível de alerta alto ou altíssimo para a transmissão da doença, de acordo com a plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). A análise se refere até o dia 20 de novembro.
O total representa 18% dos 184 municípios do Estado. A maioria (22) está no nível alto, enquanto outras 12 estão no alerta “altíssimo”.
Segundo o IntegraSUS, o estado geral do município é definido pelo indicador de nível mais alto, ou seja, se um município tiver três indicadores baixos e um altíssimo, seu nível de alerta final será altíssimo.
Guaramiranga, por exemplo, está em alerta altíssimo embora seja a cidade com a população adulta completamente vacinada com pelo menos a primeira dose. A plataforma indica risco relacionado a internações por causas respiratórias. Tianguá e Juazeiro do Norte têm alertas relacionados à letalidade pela doença.
Até o último dia 19, Tianguá registrou 4 novos casos em 24 horas e tinha apenas 5% de leitos de enfermaria ocupados com pacientes suspeitos. Em Juazeiro, no sábado (20), havia cinco pacientes hospitalizados e 22 em isolamento domiciliar. As informações são de boletins epidemiológicos municipais.
A presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), Sayonara Cidade, observa que grande parte das pessoas que estão sendo contaminadas e desenvolvendo formas graves da Covid atualmente não tomaram a vacina ou não completaram as duas doses, além de “um quantitativo alto de pessoas que assinaram o termo de recusa da vacina”.
"Nós iremos conviver com a Covid-19 de agora em diante, por isso a vacinação não é garantia de a população não se contaminar com o vírus; ela contribuirá para uma maior resistência e, consequentemente, evitará muitos óbitos pela doença”, lembra.
Confira as cidades com alerta mais alto:
NÍVEL ALTO
- Acarape
- Alto Santo
- Antonina do Norte
- Aratuba
- Apuiarés
- Campos Sales
- Cascavel
- Ererê
- Fortim
- Jucás
- Martinópole
- Missão Velha
- Mulungu
- Nova Olinda
- Pacujá
- Pereiro
- Pindoretama
- Pires Ferreira
- Salitre
- São Luís do Curu
- Tarrafas
- Várzea Alegre
NÍVEL ALTÍSSIMO
- Altaneira
- Deputado Irapuan Pinheiro
- Guaraciaba do Norte
- Guaramiranga
- Icó
- Juazeiro do Norte
- Parambu
- Poranga
- Quiterianópolis
- Orós
- Tianguá
- Umari
De maneira geral, o Ceará tem risco moderado relacionado à letalidade pela doença. Contudo, os outros quatro indicadores analisados pelo IntegraSUS estão em baixa.
De acordo com o infectologista Ivo Castelo Branco, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), como o Estado atravessa um momento de número baixo de casos, quando há qualquer novo incremento, por menor que seja, pode acarretar em uma alta variação percentual.
Por exemplo: se uma cidade registra 4 casos em uma semana e 12 na seguinte, o aumento percentual é de 200%, “não significando, porém, que aquela cidade está em uma situação de risco”, considera Sayonara Cidade, do Cosems.
“Para tratar de risco, é necessário analisar o cenário geral do município para que se tenha a real situação que o mesmo se encontra”, afirma.
A Sesa informou que segue monitorando diariamente os indicadores da Covid-19 e “coordenando ações preventivas com os municípios, quando necessário”.
A Pasta reforça que, apesar “de estarmos no momento de maior controle dos índices epidemiológicos e assistenciais da pandemia”, é preciso que os cearenses completem o esquema vacinal, além de buscarem a terceira dose ou dose de reforço “para garantir máxima proteção contra a doença”.
A presidente do Cosems destaca que municípios com percentual de vacinação mais alto têm, consequentemente, menos casos de contaminação e óbitos, notando “um excelente trabalho nas campanhas de vacinação em todo o Estado”.
Escrito por André Costa e Nícolas Paulino/Diário do Nordeste