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Incêndios registrados no Ceará em 2021 crescem 91% no comparativo com igual período do ano passado

Incêndios registrados no Ceará em 2021 crescem 91% no comparativo com igual período do ano passado

Legenda: Dos sete primeiros meses deste ano, apenas julho não teve mais focos no comparativo mês a mês com 2020 - Foto: Honório Barbosa

Dos sete primeiros meses deste ano, seis tiveram mais queimadas no comparativo com 2020. O cenário, que já é de alerta, tende a se agravar no último trimestre

O número de queimadas registradas no Ceará ao longo dos sete primeiros meses deste ano é 91,6% superior no comparativo a igual período de 2020. Entre janeiro e julho deste ano, foram 343 focos de incêndios, contra 179 do ano passado. Os números são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Apesar do substancial aumento verificado neste intervalo, o cenário ainda deve piorar. Isso porque a temporada das queimadas no Estado tende a se intensificar a partir do próximo mês. De agosto em diante, os focos crescem em escalada. A média histórica de queimadas para agosto é de 808 queimadas e, em dezembro, essa média chega a 4.816. 

O aumento exponencial dos incêndios no último trimestre do ano deve-se á combinação das altas temperaturas, ausência de chuva e fortes ventos. Estes fatores, segundo a gerente de meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, quando unidos são propícios a queimadas e, como agravante, os focos costumam a espalhar em maior rapidez.

A proximidade da temporada quente, com a vegetação seca e ventos fortes no Sertão traz enormes preocupações para a Corporação Militar tendo por base a quantidade elevada de incêndios que ocorreram nos anos anteriores.

MARDENS VASCONCELOS

Subcomandante do Corpo de Bombeiros de Sobral

TRABALHO CONJUNTO

Para reduzir a quantidade de focos que, segundo os especialistas têm aumentado a cada ano, Corpo de Bombeiros e integrantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), alertam para a necessidade de atuação em conjunto com a sociedade. Segundo eles, a conscientização da população é preponderante.

Para o chefe da unidade Araripe do ICMBio, Carlos Augusto de Alencar Pinheiro, a cultura da utilização de fogo na lavoura é o grande gargalo a ser superado. “Produtores rurais e moradores têm de entender que o fogo traz mais malefícios do que benefícios”, aponta.

A questão levantada por ele tem uma razão de existir. O comandante do 2º Batalhão do Corpo de Bombeiros em Iguatu, tenente-coronel, Nijair Araújo, aponta que "mais de 90% das queimadas no Ceará tem origem antrópica", isto é, são provocadas pelo homem. Grande parte destes incêndios nasce na queimada de um determinado terreno para plantio. A prática é conhecida como "broca" ou "brocagem".

Para quebrar essa cultura danosa, Carlos Augusto defende uma articulação entre os entes federados – União, Estados e municípios – com o objetivo de definir ações planejadas de educação ambiental e combate aos focos de incêndio em vegetação.

“Se um agricultor precisa fazer uso de fogo, isto é, se existe realmente essa necessidade, ele deve buscar orientação na secretaria de Agricultura do município ou junto a instituições afins para que possa ter um controle do local". Esse acompanhamento, segundo Alencar Pinheiro, evitaria a propagação de focos de incêndio.

NÚMERO ESTÁ AUMENTANDO A CADA ANO

Conforme o Corpo de Bombeiros, 70% do território cearense apresenta "risco alto e muito alto" para ocorrência de incêndios florestais. Essa projeção pode ser ampliada no futuro devido ao salto de ocorrências.

Tenente-coronel Mardens Vasconcelos avalia que "a cada ano o número de queimadas está expansão". Como agravante, estes eventos estão cada vez mais próximos às áreas urbanas e entornos das cidades.

“O homem vai colocar fogo para preparar a terra para o plantio sem fazer isolamento e sem respeitar o horário mais adequado e muitas vezes esse fogo ganha proporções, foge do controle, atinge outras áreas e causa prejuízos enormes, além de trazer riscos para moradores e animais”, detalha o subcomandante de Sobral.

Não usar fogo para limpar terrenos rurais e lotes urbanos e não queimar o lixo são orientações dadas pelos Bombeiros e ICMBio que podem reduzir o alto índice de queimadas. Em complemento às recomendações, Mardens revela que a corporação tem realizado o monitoramento das áreas de maior risco.

Legenda: Além de trazerem danos a fauna e flora, as queimadas também impactam a população - Foto: VcRepórter/Diário do Nordeste

A Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará (Sema) também realiza tal inspeção através do Programa de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (Previna).

A Funceme também realiza, por meio de satélites meteorológicos, o monitoramento de focos de calor que podem representar possíveis queimadas ou incêndios florestais ao longo do território cearense, e também observa as condições meteorológicas à superfície que facilitam a ocorrência e a propagação do fogo na vegetação.

Essas ações preventivas, na avaliação dos representantes do Corpo de Bombeiros e ICMBio são importantes instrumentos para redução dos focos. "Mas a população tem que colaborar", alerta Nijair. 

AGRAVANTE EM 2021

O aumento de 91% no número de incêndios em comparação a igual período do ano passado pode ser explicado pelo volume de mata seca existente.  O tenente-coronel, Haroldo Aragão, comandante dos quarteis de Quixadá e Quixeramobim, explica que, "devido às chuvas favoráveis ao longo do primeiro semestre em algumas regiões, a mata cresceu e, após a quadra chuvosa, ela começa a secar, se tornando combustível para o fogo.  

A Caatinga é aberta, temos circulação de ventos mais fortes nessa época do ano, baixa umidade e a vegetação seca formam um cenário propício a queimadas.

HAROLDO ARAGÃO

Comandante dos quarteis de Quixadá e Quixeramobim

Para lidar com tantos focos, os batalhões foram reforçados. O 1º Batalhão de Combate a Incêndios Florestais no Ceará, com sede em Quixeramobim foi inaugurado no ano passado. A área de atuação do batalhão é uma das que possui maior demanda neste segundo semestre do ano.

O Batalhão especial, somado a unidade de Quixadá, têm efetivo de 40 homens, duas viaturas auto tanque (ABT) e duas de salvamento, além de dois kits de combate a incêndios florestais, tanque e bomba (de 400 litros) acoplado a pickup que dá mais rapidez e pronto-emprego. Na avaliação do tenente-coronel Haroldo Aragão, o incremento do efetivo e modernização dos equipamentos "foram essenciais" no combate aos incêndios. 

Além da inauguração do Batalhão em Quixeramobim, todas as outras unidades presentes em 18 municípios cearenses, receberam kits de combate a incêndios florestais. "E a partir de agora haverá previsão de pagamento de hora extra no horário crítico entre 10h e 22h para quem estiver de folga e combater incêndios florestais", conclui Haroldo.

Escrito por André Costa / Honório Barbosa/Diário do Nordeste

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