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Eleição suplementar de Missão Velha não deve servir de laboratório da briga FG x Lula

Eleição suplementar de Missão Velha não deve servir de laboratório da briga FG x Lula

Fotos: Ricardo Stuckert/Instituto Lula e Reprodução/Redes Sociais

As eleições municipais costumam levar em conta aspectos que não são alcançados por ideologias.

Na semana passada, as redes sociais dos candidatos a prefeito e prefeita de Missão Velha Dr. Lorim e Fitinha, respectivamente, foram abastecidas com vídeos de apoio de Ciro Gomes e Lula. Cada um dos possíveis presidenciáveis de 2022 declarou apoio ao postulante correligionário.

Daí, surgiram comentários que praticamente colocam o pleito suplementar de Missão Velha como laboratório da briga Ferreira Gomes x Lula pelo domínio político do Ceará. A família de Sobral tem engrossado as críticas ao ex-presidente desde que o mesmo voltou a ser elegível. Repito o dito de minha análise anterior: ninguém chuta bicho morto. O que não está sendo considerado é que trata-se de uma eleição municipal. E se tem uma coisa que o cearense sabe fazer bem é separar o joio do trigo.

Na última pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas realizada no Ceará, o direitista Capitão Wagner, que concorreu à Prefeitura de Fortaleza em 2020 com o apoio de Jair Bolsonaro, lidera três dos quatro cenários propostos para a disputa de 2022 ao Palácio da Abolição. Lula, de esquerda, lidera isolado em todos para presidente da república entre os eleitores cearenses.

Os municípios guardam consigo particularidades que decidem suas eleições. Em uma disputa municipal, principalmente em cidade pequena, o que conta é o histórico e atuação dos grupos políticos em disputa, o que pode causar rejeição ou satisfação. Isso não quer dizer que o apoio de um líder popular não faça diferença, mas acontece que isso não é tudo, e só influencia numa esfera ideológica. Nem todo mundo vota por tal.

Vamos a exemplos concretos: nas eleições municipais de 2016 em Juazeiro do Norte, o candidato Gilmar Bender, então pelo PDT, pôs em seu programa de rádio e TV um apoio e pedido de voto por parte do ex-presidente Lula. Isso não teve influência nas urnas e ele acabou por amargar o segundo lugar, perdendo para Arnon Bezerra, com pouco mais de 11 mil votos de diferença.

Em 2020, foi a vez de Arnon perder. Também explicitamente apoiado por Lula. Seria o PT o problema? Não. No segundo turno de 2018, desconhecido pelos cearenses, Fernando Haddad, de tal partido, ganhou a confiança de 76,11% dos eleitores de Juazeiro do Norte em votos válidos.

Em pesquisa do Ibope realizada em Juazeiro do Norte em plena campanha de 2020 em curso, o governador petista Camilo Santana, apoiador entusiasta da candidatura de Arnon, capitalizou uma avaliação de 72% de ótimo/bom, enquanto a de Bolsonaro era 22% no mesmo critério. Glêdson venceu a disputa. O curioso é que o candidato do Podemos admitiu, no debate promovido pelo Jornal O Povo, ter votado em Jair Bolsonaro em 2018.

Em Potengi, o PT parece não ter tido influência. Em 2020, a prefeita Alizandra, do partido de Camilo Santana e Lula, não conseguiu se reeleger e perdeu a eleição para o candidato do PSOL, Edson Veriato, apoiado pelo candidato desistente do PSD, Samuel Tenório. O psolista venceu com folga de 58,89% dos votos válidos. A petista amargou 39,49%. Guilherme Boulos mais popular que Lula em Potengi?

A questão que se coloca na eleição suplementar de Missão Velha é se a população quer a continuidade do grupo político de Washington Fechine, que, ainda com candidatura sub judice, foi eleito em 2020. Não chegou a assumir, sob a acusação de improbidade administrativa em mandatos anteriores. Fitinha foi a vice eleita do vencedor. Dr. Lorim é o ex-vice-prefeito e ex-aliado que perdeu por muito pouco no ano passado: 623 votos. Será uma eleição com ares de plebiscito. A única certeza é a disputa acirrada.

Reportagem de Alan Clyverton/Agência Miséria

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