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Agricultores colhem safra recorde de arroz de sequeiro nas várzeas do Orós

Agricultores colhem safra recorde de arroz de sequeiro nas várzeas do Orós

Legenda: A colheita do cultivo de arroz na modalidade de sequeiro ocorre geralmente nos meses de maio e junho - Foto: Honório Barbosa

A produção neste ano é estimada em cinco milhões de quilos, 40% a mais que em 2020

Até o fim desta semana, produtores rurais dos municípios de Iguatu e Quixelô, na região Centro-Sul cearense, concluem a colheita de uma safra recorde de arroz de sequeiro (plantio que depende exclusivamente da chuva), em várzeas localizadas na bacia do açude Orós, o segundo maior reservatório do Ceará.

A produção neste ano é estimada em cinco milhões de quilos pelas secretarias municipais de Desenvolvimento Rural. A colheita do cultivo na modalidade de sequeiro ocorre geralmente nos meses de maio e junho.

A safra atual de arroz deve ser superior a 40% em relação a 2020 e 50% em comparação com igual período de 2019, em uma área de mil hectares, segundo dados da secretaria de Desenvolvimento Agrário de Iguatu. 

Os produtores rurais estão empolgados por causa das boas chuvas que banharam as áreas de produção e o preço do produto, que subiu 50% em relação à safra anterior.

“A chuva não faltou e quem plantou neste ano tem uma boa colheita”, comemorou o agricultor, Pedro Araújo, que fez o cultivo de um hectare e meio e colheu nove quilos do grão. “Foi um ano bom, e seria maravilhoso se não fosse essa pandemia, que nos dá medo e vem matando muita gente”.

O açude Orós acumulou 28,7% do volume, segundo o Portal Hidrológico da Companhia de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Cogerh). A retomada de água neste ano favoreceu o cultivo do grão.

O plantio de arroz é feito em maior quantidade no segundo semestre na modalidade de cultivo irrigado. A razão é simples: no período chuvoso há o risco de perda por inundação ou estiagem, pois não se sabe se haverá muita ou pouca chuva.

Legenda: Plantio de arroz na localidade Riacho da Areia, em Iguatu, nas várzeas do açude Orós - Foto: Honório Barbosa

CHUVA NA MEDIDA CERTA

“Neste ano, motivado pelo preço elevado do grão, os produtores arriscaram e fizeram o plantio na bacia do açude, mas não houve perda porque as chuvas foram regulares aqui na região e não encheram o reservatório”, explicou o secretário de Desenvolvimento Agrário de Iguatu, Venâncio Vieira. “Tudo veio na medida certa”.

De acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) choveu em média na região cerca de mil milímetros, 25% acima do esperado para o período de fevereiro a maio.

A saca de 60 quilos do grão em casca é comercializada entre R$ 90 e R$ 110, dependendo da qualidade do grão. Esse preço é 50% superior ao praticado no mesmo período de 2020.

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva, disse que os “agricultores apostaram no preço e em chuvas regulares e aconteceu do jeito que eles esperavam”.

Venâncio Vieira espera, agora, mediante a boa safra e o preço favorável do grão, que ocorra uma retomada do cultivo de arroz, que estava praticamente suspenso. “A gente acredita que se o preço se mantiver muitos voltarão a plantar arroz nas vazantes do Orós”, explicou.“Nos anos anteriores, o preço do arroz estava baixo e não compensava a despesa de produção”.

Evanilson Saraiva mora na localidade de Barrocas que fica à beira d’água do açude Orós, em terras do município de Iguatu. Ele lembra que quem percorre as margens do rio Jaguaribe, na bacia do Orós, ver com facilidade o plantio de arroz que foi feito em larga escala. “Tá muito bonito e a perda que houve por causa de veranico no começo de março não chega a 15%”, calcula. “Teremos uma grande safra neste ano”.

As várzeas destinadas ao cultivo de arroz de sequeiro e irrigado na bacia do açude Orós constituem importantes áreas do cultivo grão. Para Venâncio Vieira é a maior do Ceará. “Em comparação com as áreas cultivadas nas décadas de 1980 e 1990, nos últimos dez anos, o plantio ficou inferior a 10%, porque estava praticamente acabado, mas já é um bom sinal de retomada”. Para o próximo ano, Vieira acredita em uma expansão de pelo menos 30% da área atual.

Legenda: Os produtores rurais estão empolgados por causa das boas chuvas que banharam as áreas de produção e o preço do produto, que subiu 50% em relação à safra anterior - Foto: Honório Barbosa

SEMENTES

A renda obtida com a safra de arroz neste semestre só não é melhor porque o grão apresenta qualidade variada e inferior. Os rizicultores, entretanto, querem melhorar essa situação.

Cerca de 300 produtores de arroz estão mobilizados e tentam junto à secretaria de Desenvolvimento Rural de Iguatu sementes do Programa Hora de Plantar do governo do Estado para a safra de verão (agosto a dezembro de 2021). “O cultivo de sementes misturadas e fracas afeta a produção e a renda do agricultor”, observa o agrônomo José Teixeira. “É indispensável haver um trabalho nesse sentido, chegar às mãos dos produtores, sementes com melhor poder germinativo”.

Legenda: A saca de 60 quilos do grão em casca é comercializada entre R$ 90 e R$ 110 - Foto: Honório Barbosa

O produtor rural Jeferson Araúno, presidente da Associação de Moradores do Riacho da Areia, no distrito de José de Alencar, está mobilizando e organizando centenas de rizicultores. “Vamos reivindicar ao governo a aquisição e distribuição de sementes de qualidade para termos uma produção padronizada, de excelentes grãos”, pontuou. “Quando o arroz colhido é de primeira qualidade, a indústria de beneficiamento paga um preço bem melhor”.

Escrito por Honório Barbosa/Diário do Nordeste

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