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Jardim registrou mais óbitos pela Covid-19 neste mês do que em todo 2020

Jardim registrou mais óbitos pela Covid-19 neste mês do que em todo 2020

Legenda: Mesmo com decreto que proíbe abertura de lojas de setores não essenciais, o centro de Jardim evidencia o descumprimento: lojas abertas e movimento de compradores - Foto: Antonio Rodrigues

Desde o último dia 8, a Prefeitura determinou o isolamento social mais rígido restringindo o funcionamento do comércio. Porém, tem enfrentando resistência.

Com pouco mais de 27 mil habitantes, Jardim enfrenta um dos momentos mais delicados desde o início da pandemia da Covid-19. Neste mês de maio, que sequer chegou ao fim, a cidade do Cariri já soma 21 óbitos pela doença, dado do último boletim epidemiológico divulgado ontem (24) pela Secretaria Municipal de Saúde. Este número que supera  as mortes causadas pelo coronavírus em todo o ano passado (18).

No Integrasus- plataforma do Governo do Estado - constam no mês de maio 15 óbitos confirmados pela Covid-19 no município. O município considera a diferença de dado a atualização da plataforma.

Mesmo com a divergência, maio, de longe, bate o recorde negativo de óbitos na cidade, mesmo restando ainda sete dias para serem contabilizados. Até agora, estas 21 vidas perdidas representam 43,7% do total de mortes pela Covid-19 desde o início da pandemia, que fez 48 vítimas em Jardim. “Chegamos a quase um óbito diário aqui”, alerta a secretária de Saúde do Município, Julia Cristina de Sá Roriz. 

A título de comparação, a cidade de Crato, também na região do Cariri, que tem quase de cinco vezes a população de Jardim, com 133 mil habitantes, soma neste mesmo mês de maio 28 mortes pela covid-19, superando a pequena cidade com sete vítimas.  

O número de casos confirmados da doença nestes primeiros 24 dias do mês de maio, com 473 infectados, também supera o total de 2020 (393) em cerca de 20%. “Além dos óbitos, somado o aumento de casos, decidimos tomar medidas mais rígidas”, explica a gestora.   

Desde o último dia 8, a Prefeitura decretou isolamento social mais rígido, permitindo que apenas os serviços considerados essenciais possam abrir as portas, mas a adesão é baixa.  

No último boletim divulgado, Jardim soma, ao todo, 1.402 casos, mas ainda há 161 em investigação.

O QUE EXPLICA ESTE AUMENTO? 

A secretária de Saúde Julia Cristina Roiz acredita que a população está muito resistente em relação ao isolamento social. “Temos registro de muitas festas clandestinas. Tivemos denúncias de bares abertos. Nosso território é grande, tem balneários, lugares de festas”, admite.

Com 457 mil quilômetros quadrados, Jardim faz fronteira com as cidades de Barbalha, Porteiras, Penaforte e Missão Velha, no Ceará, e Cedro e Serrita, no Pernambuco. “A rotatividade de pessoas em Juazeiro e Barbalha também é intensa. Difícil fazer esse controle”, lamenta a gestora.  

Outro problema identificado pela secretária é que muitos jardinenses deixam o Município para trabalhar em lavouras em outros estados, como Goiás, Santa Catarina e São Paulo. Nesta época do ano, alguns já estão retornando. 

Legenda: Com a baixa adesão ao isolamento social, a secretaria da saúde de Jardim quer medidas mais rigorosas - Foto: Antonio Rodrigues

DESRESPEITO AO DECRETO DE ISOLAMENTO SOCIAL

Em regime de isolamento social mais rígido desde o dia 8, o decreto impôs o toque de recolher das 18h às 7h e permitiu que apenas bancos, farmácias, supermercados, postos de combustíveis e borracharias ficassem abertos. No entanto, o que nossa equipe de reportagem viu nas ruas, ontem (24) é totalmente diferente.

Muitos comerciantes de lojas de confecções, eletrônicos e itens do lar se mantém resistentes ao decreto e abriram as portas. “Mesmo com o decreto renovado, continuam funcionando. A gente visita, fecha, mas pouco minutos abrem. Mesmo utilizando todo poder de fiscalização, com a Vigilância Sanitária, nossos agentes covid, guarda municipal e até a Polícia Militar”, enumera.  

O agricultor Juraci Hilário Barros enxerga a dificuldade das pessoas em manter o isolamento. “A população não ajuda. Todo dia tem gente na rua. Não sabemos o que fazer. De manhã cedo, aqui é cheio”, indica em relação a casa lotérica. 

No último domingo (23), ele perdeu seu irmão, o mecânico Flávio Hilário, vítima da covid-19. Pouco antes, outro irmão, o policial Luiz Hiláro também morreu pela doença. “Eu lamento muito e infelizmente temos que encarar de frente”, conta emocionado. 

No olhar de Juraci, a resistência por parte dos comerciantes se deve porque a economia na cidade é tímida. Há poucas fontes de renda para a população. “Não tem como sobreviverem. Essa cidade não tem o que sobreviver. A gente depende do comércio. O comércio dos aposentados e do bolsa família”, acredita. O professor Fernando Evangelista tem olhar similar: “A situação econômica é bem precária e já vem de muito tempo. As lojas abrem até tentando fazer precauções”, pondera.  

Nas primeiras semanas, a Secretaria de Saúde optou por orientar a população e o comércio, antes de adotar outro tipo de ação. Porém, isso será revisto para os próximos dias. Ontem, uma reunião do comitê de combate à covid-19, criado pelo Município, definiu por soluções mais rigorosas.

“Vamos aplicar multas. Já fizemos reuniões aos comerciantes pedindo apoio, mas não teve efeito. Fica muito difícil de trabalhar se não tiver uma interação geral”

JULIA CRISTINA

Secretária da saúde de Jardim

QUEDA DE INTERNADOS 

Apesar dos dados preocupantes, Jardim registra uma queda nos casos graves na última semana. O Hospital Municipal, que chegou a ter 25 pacientes internados com a covid-19, há uma semana, agora soma nove. No total, são 12 pessoas em tratamento hospitalar, ou seja, três estão em outros municípios. No entanto, a própria secretária de Saúde admite que essa redução não se deve ao decreto municipal.  


“Estamos com atendimento na Unidade Sentinela e identificando mais rápido os casos, realizando exames de prontidão. Compramos testes rápidos para aumentar o diagnóstico precoce e evitar que evoluam para casos graves”, descreve a secretária. Atualmente, 151 jardinenses estão em tratamento domiciliar.  

Escrito por Antônio Rodrigues/Diário do Nordeste


 

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