Garota trans assassinada a facadas em Juazeiro do Norte estava com amigos no momento do crime, diz familiar
Adolescente trans de 16 anos foi assassinada a facadas em Juazeiro do Norte — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução |
Amigos tentaram impedir o crime, mas fugiram com medo do suspeito. Um inquérito policial foi instaurado e a Delegacia Regional de Juazeiro do Norte investiga o caso.
A adolescente trans de 16 anos que morreu na madrugada desta segunda-feira (5) a facadas, em Juazeiro do Norte, na Região do Cariri, estava acompanhada de amigos quando foi assassinada, segundo familiares da vítima. Ainda de acordo com relatos da família, alguns amigos tentaram impedir o crime, mas fugiram com medo do suspeito.
A jovem Pietra Valentina foi morta na Travessa São Sebastião, no Bairro Pio Xll. Um inquérito policial foi instaurado no Núcleo de Homicídios de Proteção à Pessoa (NHPP) da Delegacia Regional de Juazeiro do Norte para apurar os fatos. Equipes da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) e da Polícia Militar continuam nesta terça-feira (6) com as investigações.
Em janeiro de 2021, outra adolescente trans foi assassinada no Ceará, em Camocim. Keron Ravach, de 13 anos, foi morta a pauladas, chutes e socos por cobrar uma dívida de R$ 50 do suspeito, de 17 anos. A vítima foi encontrada morta em um terreno baldio no Bairro Apossados.
Homicídios de pessoas trans no Ceará
O Ceará aparece como segundo estado no qual mais pessoas travestis e transexuais foram assassinadas no ano passado. É o que mostra o "Dossiê: assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2019", elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra).
Segundo o relatório, realizado a partir de informações obtidas pela associação com pessoas e veículos de comunicação de todos os estados, foram mortas violentamente no estado 11 transgêneros. O Ceará fica atrás apenas de São Paulo, onde foram mortas 21 pessoas no ano passado.
Os homicídios ocorreram em Fortaleza, Chorozinho, Sobral, Guaiuba, Horizonte, Pacatuba, Maracanaú, Caucaia, Tarrafas e Juazeiro do Norte
Ao todo, nos três últimos anos, foram 40 pessoas trans foram assassinadas no território cearense. Neste quesito, o estado também aparece em segundo lugar, junto com a Bahia e atrás apenas de São Paulo, cujos assassinatos somaram 51.
Casos no Ceará
Em 26 de fevereiro de 2019, Ana Lima, de 40 anos, foi morta a tiros no Bairro Alto São João, em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza. Conforme a Delegacia Metropolitana de Maracanaú, que recebeu o caso, testemunhas ouviram cerca de três disparos de arma de fogo. Ana foi atingida por tiros na cabeça e morreu no local.
Em 20 de setembro, uma travesti identificada como Bruna Surfistinha, de 26 anos, foi assassinada a tiros enquanto tomava banho dentro de uma residência, no município de Chorozinho, Região Metropolitana de Fortaleza. Testemunhas afirmam que dois homens foram vistos saindo correndo do local após o crime.
Já na manhã de 12 de outubro de 2019, uma travesti identificada como Julia foi morta a tiros, no Bairro Sumaré, no município de Sobral, a 200 Km de Fortaleza. De acordo com a polícia, dois homens chegaram a pé na rua em que ela se encontrava e realizaram vários disparos de arma de fogo contra a vítima, fugindo em seguida
Tentativas de homicídio
O Ceará também é o segundo do país no registro de tentativas de homicídio contra a população transgênero - dividindo a posição no ranking violento com o Rio Grande do Sul. Foram cinco tentativas em 2019, com registros nas cidades de Fortaleza e Juazeiro do Norte, e ficando atrás novamente de São Paulo, com 12 identificações.
Por Isayane Sampaio, G1 CE